Carros - Poluição

Pedimos para o Rogério (membro da igreja e engenheiro de uma montadora de carros) que escrevesse um post prá gente, sobre os carros flex.

Não sei se vocês já se perguntaram: o que colocar no tanque? álcool e gasolina? qual a melhor mistura? qual polui menos? se usar mais gasolina, o rendimento estará comprometido e vice-versa?

Este post é uma tentativa de "explicar" estas dúvidas do nosso cotidiano, pensando no meio ambiente, nas nossas escolhas e nas nossas atitudes no cuidado com a criação e a cidade.

O Rogério fez esta pesquisa, se tiverem dúvidas é só escrever prá gente ou deicar um comentário no post.
Obs: tem parte 2!

________________________________________

Poluição

Para se ter ideia dos custos gerados pelas emissões veiculares, dados do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP aponta que, somente em São Paulo, a poluição é responsável pela morte de 20 pessoas por dia e pela redução da expectativa de vida em um ano e meio. Em dias de grande contaminação, o risco de morte por doenças pulmonares aumenta 12% e as internações em ambulatórios sobem 25%. Os gastos municipais com internações e tratamentos são da ordem de R$ 335 milhões anualmente. (Fonte: Automotive Business/Marcelo de Paula)

Portanto, algumas perguntas:

- Uso gasolina ou álcool no motor flex?
Os motores flex foram projetados e validados para rodar com qualquer proporção de mistura.
O carro flex é, na realidade, o mesmo carro a gasolina com algumas mudanças. Além do software do módulo de controle eletrônico para maior capacidade de processamento e de parâmetros diferenciados para atender a cada combustível, seja na relação estequiométrica , seja no avanço de ignição, o motor recebe alterações nos materiais das válvulas e de suas sedes, uma vez que o álcool não tem as mesmas propriedades lubrificantes da gasolina.

A bomba de combustível, e as mangueiras, são projetadas para ficar em contato com o álcool. Em alguns casos, a válvula termostática é elétrica e tem funcionamento diferenciado segundo o combustível (motor deve funcionar mais quente com álcool, para melhor aproveitamento da energia do combustível).

Mitos sobre os motores flex:

• O primeiro abastecimento deve ser feito com gasolina, para evitar problemas de partida.
Desde o início de sua vida útil, o motor pode funcionar tanto com gasolina quanto com álcool.

• O carro só pode ser abastecido com gasolina ou com álcool, para evitar falha do motor.
O sistema é projetado para funcionar com os dois combustíveis. Falhas, quando acontecem, estão relacionadas à má qualidade do combustível, como o excesso de água no álcool. Convém abastecer apenas em postos de confiança e, na dúvida, pedir um teste de qualidade. O posto é obrigado a fazê-lo.

• Um motor de veículo bicombustível dura menos, pois o álcool é mais corrosivo.
As fábricas garantem para o motor flex a mesma durabilidade do propulsor a gasolina. Os sistemas que têm contato com o álcool, de fato um combustível mais corrosivo, são projetados para isso.

• Carros bicombustível requerem gasolina aditivada.
Gasolina aditivada é melhor do que a comum em qualquer caso, pois ajuda a manter limpo o sistema de injeção. Quando se abastece também com álcool, porém, é possível dispensar a gasolina aditivada, uma vez que ele exerce função detergente.

• A substituição de álcool por gasolina, e vice-versa, deve ser feita gradativamente.
O gerenciamento do motor é eletrônico, e o sistema é programado para instantaneamente reconhecer o combustível.

• Se abastecer apenas com álcool, há risco de problemas de partida nos dias frios.
No compartimento do motor dos veículos existe um reservatório de gasolina para partida a frio.


Devido à menor evaporação do álcool em relação à gasolina, a partida do motor frio, com álcool no tanque, em temperatura ambiente inferior a 14° C, é difícil ou mesmo impossível. Por esse motivo, a exemplo dos carros só a álcool que existiam antes, há um sistema para tornar possível ligar o motor nessas condições. Ele consiste num pequeno reservatório de gasolina no compartimento do motor e uma bomba elétrica. Quando a temperatura baixa de 14° C e o motor está frio, uma pequena quantidade de gasolina é introduzida automaticamente no coletor de admissão, e o motor pode ser posto em funcionamento normalmente.
Foi esse o motivo de os americanos, sabiamente, terem adotado o E85 e não o E100: o motor pegar frio sem necessidade de suprimento adicional de gasolina como aqui no Brasil. Inclusive, nos meses mais frios na região norte de lá, o etanol fornecido nos postos é E70: 70% de etanol e 30% de gasolina.

Um cuidado deve ser dispensado à gasolina do reservatório que, se ficar sem uso, acaba envelhecendo (oxidando), tornando-se imprestável e a goma resultante pode entupir o sistema. É por isso que há carros em que a cada partida é introduzida gasolina, seja ou não necessário, a fim de que a gasolina do reservatório seja consumida e nunca chegue a ficar velha. Por outro lado, nem todos os carros possuem luz de aviso de que o nível do reservatório de gasolina está baixo: é preciso inspeção visual para evitar surpresas.


__________________

Dúvidas? Escreva para nós!
Ainda tem mais!! Aguardem!
Rogério, Obrigada pela força!!!